A conta de energia subiu, o preço do botijão de gás aumentou e você pode estar pensando duas vezes antes de acender o fogão. Ao invés de cozinhar essa carne, por que não preparar pratos adorados por chefs renomados como kibe cru, carpaccio ou steak tartare?
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Afinal, humanos são onívoros: podem digerir carne crua e manter a saúde. Além de ser uma iguaria de muitas culturas, o alimento já foi utilizado até mesmo como remédio para tuberculose, no século 19.
Quando feita regularmente, entretanto, essa ingestão pode trazer alguns problemas à saúde. Entenda com informações do “The Conversation”
Riscos sanitários
Humanos e animais compartilham o mesmo planeta e estão cercados pela mesma diversidade de incontáveis micróbios, alguns dos quais podem ser compartilhados através das refeições. Além disso, alguns animais tratam humanos como seu alimento, e não o contrário. Um bife fatiado de um animal recém-caçado possui patógenos diferentes em comparação a um animal criado em fazenda.
Por isso, um pedaço de carne crua requer uma verificação elaborada antes de ser consumido. Ele contém vírus, bactérias, príons, fungos ou parasitas? Embora muitas dessas criaturas sejam inofensivas, algumas são bastante letais. Doenças cerebrais ligadas a príons, por exemplo, não podem ser tratadas.
Até 50% do gado saudável pode carregar a bactéria Escherichia coli 0157, resistente ao ácido do estômago humano. Sua toxina Shiga pode causar insuficiência renal, choque e morte. Já a Listeria é um organismo habilidoso do solo que pode se multiplicar em um bife na geladeira, infectar sua corrente sanguínea e cérebro ou atravessar uma placenta, resultando em aborto espontâneo e morte fetal.
A carne bovina também pode, ainda, estar contaminada com Toxoplasma gondii, um protozoário parasita de gatos que sobrevive em bovinos e humanos. A toxoplasmose tende a penetrar no cérebro, retina, músculo cardíaco ou atravessar a placenta, podendo danificar o cérebro fetal. Alguns desses efeitos podem levar anos para se tornarem evidentes: você provavelmente não notaria nada depois de uma única refeição.
Embora não haja vantagens comprovadas em comer carne crua — além do sabor, para os apreciadores —, existem grandes riscos microbianos, e alimentar seus animais de estimação dessa forma tem riscos semelhantes. Não só existe o risco de infecção por Campylobacters e Salmonellas, mas também por parasitas como lombrigas e tênias.
A paixão de muitas pessoas pelo hábito de consumir carne crua deve ser confrontada levando em consideração a saúde combinada de pessoas, animais e do meio ambiente. Muitos micróbios, geralmente exterminados pelo gerenciamento seguro de alimentos e pelo cozimento, prosperam no organismo humano após o consumo de carne crua.